domingo, 28 de junho de 2009

Meu amor

Meu amor partiu.
Partiu sem deixar recado. Sem mandar beijo. Sem mandar abraço.
Sem aviso prévio, sem recomendações, sem beijo de despedida, sem adeus.

Meu amor partiu.
E não me deu a chance de sentir saudades do sabor dos seus lábios, pois não os beijei...
Lábios já frios por agora.
Não me deu a chance de sentir o calor do corpo que nunca abracei.
Calor que já não existe mais.

Meu amor partiu.
E acho que se esqueceu das declarações que nunca saíram dos meus lábios, se esqueceu das caricias que nunca me fez e dos encontros que nunca tivemos.

Meu amor partiu.
Partiu e não me viu chorar em um corredor frio com a cabeça apoiada nas mãos enquanto médicos passavam apressados de uma lado para o outro e às minhas costas uma parede fria me fazia tremer.
Uma parede onde atrás jazia sobre uma mesa de aço um corpo inerte e gélido.

Meu amor partiu e talvez não tenha me amado.
Ele partiu e me deixou arrependida das palavras que nunca dissera, por pudor, por medo ou por orgulho.
Ele partiu sem ouvir minhas desculpas e explicações.
Meu amor partiu e talvez não tenha me amado, partiu sem saber que era amado, talvez antes de partir ele tenha me odiado...
Nunca saberei...
Meu amor partiu e me deixou cheia de dúvidas e talvez ele nunca saiba que vivia para amá-lo e que sobrevivo para esperá-lo sabendo que ele ele não voltará...

Meu amor partiu e me deixou sem vida, sem sentido, sem luz...
...ele levou meu coração para onde quer que tenha ido.

Solidão


Às vezes me sinto só.

Um vazio maior, que não posso suportar, me invade e me faz padecer na ecuridão.

Não vejo saída no fim do túnel e aproximo de mim a morte,

enquanto caminho lentamente com os pés descalços sobre

os cacos de vidro que me fazem sangrar.

Apesar da dor, não choro.

A dor faz parte de mim.

A solidão me consola.

E me abrigo na cálida surdez do silêncio que só existe em meu mundo particular.

sábado, 27 de junho de 2009

Os incompreendidos


Sentou-se no fundo do ônibus. Colocou sua mochila no colo e começou a abrir um dos bolsos, a procura de um livro, quando o viu. Sua figura tinha os ombros levemente caídos e mostravam uma certa preocupação, ele tinha um exemplar surrado de "Um Apanhador no Campo de Centeio" entre as mãos. Ele sentava-se em um banco da praça com os cabelos curtos e castanhos soltos, seus lábios vermelhos como um morango estavam entreabertos e seu rosto parecia cansado, mas foram os olhos que chamaram a atenção dela, seus olhos exageradamente tristes e sem foco. Ficou admirada ao ver a dor refletida em seu olhar, teve vontade de descer do ônibus e se sentar ao lado dele, ela só sentaria. Não diria uma palavra. Sentaria a seu lado e o fitaria por alguns instantes. Uma onda de um sentimento que não pôde distinguir a invadiu ao vê-lo erguer a cabeça lentamente em sua direção. Seus olhos negros se moveram em milésimos de segundos, que mais pareceram uma eternidade e ele a fitou. Seus olhos incrivelmente nostálgicos se grudaram nos dela e ambos sentiram um arrepio.
Ele não desviou o olhar. Seu olhar penetrante a atingiu e ela ficou estática. Não precisaram de palavras. Eles se compreenderam com um simples olhar. O ônibus começou a andar e ela se despediu silenciosamente, ele continuou parado, como se quisesse entender o que estava acontecendo. Ela baixou o olhar para o livro que pegara na mochila, o coração reconfortado por saber que em algum lugar do mundo existia alguém que a compreendia.


Ela se assustou ao ver o ônibus parando novamente e seu coração acelerou quando ela olhou para cima e o viu, entrando no ônibus. Ele se sentou ao lado dela e sorriu ao ver o exemplar de "Um Apanhador no Campo de Centeio" nas mão dela, com um aceno de cabeça indicou o dele.


Eles se olharam e desejaram que aquele momento jamais acabasse.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Conto de terror

Ela olha para o espelho e suspira com pesar. Suas olheiras refletem o cansaço de viver e seu rosto jovem reflete a falta de anos vividos. Permanece calada padecendo sob sua dor enquanto caminha para seu quarto e se joga na cama cobrindo a cabeça.
Ela fecha os olhos com força e permanece calada enquanto percebe algo se movendo em sua direção e sussurrando seu nome. Ela sabia de quem era aquela voz, mas não se virou para olhar. Não se moveu. A voz a chamava e ela fingia não ouvir. Ela começou a arfar enquanto uma mão gélida e pálida como lua se movia abaixando a coberta que cobria seu rosto apavorado.
Ela não abriu os olhos.
Sentiu de súbito um hálito gelado e podre no pé de seu ouvido e manteve intacta sua fé de que era só um sonho enquanto ouvia um barulho rouco e sentia algo molhando seu rosto.
Com um pânico crescente percebeu que o som rouco saíra dela e que o que molhava seu rosto eram suas próprias lágrimas, ela começava a ficar cada vez mais apavorada quando ouviu a voz sussurrar em seu ouvido:
-Vou ser breve. Não tenha medo...- A menina abriu os olhos devagar e por todo o quarteirão reverberou-se um grito de pânico e dor saiu de sua garganta. No dia seguinte todos comentavam o ocorrido.
-O coração dela simplesmente parou de bater.
-Dizem que morreu de pânico...

Continua...

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Lágrimas


Fazia frio lá fora.
Olhei para janela com um ar de pesar no coração. Palavras tristes inundaram meus ouvidos e me fizeram chorar. Me encolhi no sofá, dizendo a mim mesma que era por causa do frio. Olhei para a janela com a vista embaçada e tentei manter uma centelha de esperança acesa enquanto sabia que já estava tudo perdido. Por que enxergo tanta escuridão depois dessas luzes? Tentei manter intacto o meu fingimento de vida perfeita enquanto sentia uma nostalgia avassaladora invadir meu peito tomando o lugar da felicidade.

Felicidade?

Tentei afastar os maus pensamentos que insistiam em me dominar em meio a esse mundo doente e mantive intacta a ilusão de que tudo era perfeito enquanto vozes interiores me pediam para parar. Tapei os ouvidos com descrença e fechei os olhos tentando interromper o fluxo de lágrimas que insistiam em cair, mas não consegui.
A nostalgia me dominou e se afinou, por mais que eu tentasse ignorá-la, se estendeu como um punhal e me feriu no fundo do peito.
Abri os olhos lentamente, como que acordando de um sonho, e vi a sala a meu redor. Permaneci na posição em que estava e ouvi a janela bater trazendo um frio sobrenatural para dentro da sala. Olhei ao redor com meus olhos nostálgicos e displicentes, mas nada vi, a não ser um mundo feito de asfalto sem coração e nem piedade.
Tentei chorar para sentir pena de mim mesma, mas não consegui.
Talvez meu coração tenha se apoderado de toda frieza e se tornado vazio.
Talvez ele tenha congelado, mas talvez eu sobreviva.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Será?

Tenho medo do futuro. Essa incerteza me assusta. Não saber o que vai acontecer, se tudo que fiz foi em vão, se ainda sentirei as emoções que não tive, se ainda verei os lugares que um dia sonhei visitar...
...se acordarei amanhã.
Será que sim? Será que viverei a vida como planejei?
Estudar, passar no vestibular, conseguir emprego, viajar, namorar, casar, ter filhos, morrer...
Será que a ordem vai ser alterada? Ou será que vou pular etapas?
Perguntas.

Mesmo que me esforce, as repostas não vêm. E viriam? Uma coisa que minha avó disse nunca fez tanto sentido: "O futuro a Deus pertence!".
Parei para pensar na vida e parece que passei por ela sem perceber. Já estamos em Junho e me parece que não fiz nada. Parece que o tempo vai passar e vou continuar assim.
Será mesmo? Será que vou continuar parada vendo tudo acontecer? Que não vou chutar o balde e fazer o que deveria ser feito?
Mas o que deveria ser feito?
Ajudar o meio ambiente?
Estudar mais?
Lutar pela paz universal?
Declarar minha paixão?

Vou me esforçar e fazer o que posso, talvez até um pouco mais.
Vou descobrir os resultados e escrevê-los aqui.

E você? Quando vai perceber que o relógio não pára? Quando vai começar a fazer o que devia?
Quando?

Tic-tac... Tic-tac...

Cansei!!!

Sabe, me cansei de não dizer o que penso.
O que penso sobre tudo...
...sobre essa vaidade...
...sobre esse consumismo...
...sobre os sentimentos...
...sobre os meus problemas...
...cansei de não dizer o que penso sobre mim.
Quero falar o que não disse, mesmo que seja fútil, banal, idiota, piegas...

Quero me expor,
e preciso de todos vocês.

Comentem o que digo, mesmo que seja para me chamar de idiota ou concordar plenamente, mesmo que seja para me fazer perguntas ou mesmo para dizer que leu.
Reclame, proteste, critique... expresse-se!

Você será bem-vindo!