terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Se você quer raspar a cabeça...

 você tem que saber se olhar no espelho e não se arrepender. Se você quer raspar a cabeça, você tem que desfazer as unhas e usar uma roupa condizente que não condiga. Mesmo sem saber se essa palavra, condiga, existe. Você tem que entender que raspar a cabeça é definitivo e que seu cabelo nunca mais será o mesmo, nem os olhares serão os mesmos. Se você quer raspar a cabeça você tem que saber gritar alto e pular alto e fazer tudo do alto pra não se envergonhar de nada que possa te causar desconforto. 
Se você quer raspar a cabeça você tem que se livrar de todas as acusações de ingratidão, de incesto, de sem-vergonhice. Mesmo sem saber se vergonhice é com C. Se você quer raspar a cabeça você tem que entender que não tem como se preocupar com ortografia ou telefone ou qualquer outra coisa. Se você quer raspar a cabeça você tem que entender que você vai ser outra com a mesma face, mas sem cabelo.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

só que não

Eu planejei tudo. Construí na cabeça, montei e desmontei várias vezes vários planos. Mas não deu certo. E agora é a hora que eu choro e faço birra e finjo que tenho o maior umbigo do mundo. Só que hoje não. Hoje eu sou adulta. E gente adulta não chora. Nem foge das responsabilidades. Gente adulta finge que está bem e que não importa o que aconteça ano que vem tem de novo.
Por mais que você queira morrer. E gritar. E colocar a culpa nos outros. Hoje eu vou ser adulta pela primeira vez. Eu vou respirar fundo quando der vontade de chorar. Eu vou segurar os comentários maldosos. Eu fracassei e não deu. Mas não dar faz parte. E se eu fracassei eu tenho que me esforçar mais. E pronto. E tá tudo bem. Mesmo que não esteja.
Foda-se.