terça-feira, 14 de julho de 2009

E se?

E se eu falasse que tenho inveja de um monte de gente? Que não tenho medo do escuro, mas prefiro luzes acesas? Que sou hiponcondríaca? Que tenho instintos assassinos toda vez que vejo aquelas meninas estúpidas usando aquelas roupas que me intimidam falando de festas em que não fui convidada e andando de mãos dadas com meninos que muitas vezes sonhei? Que não gosto Michael Jakson? Que eu apóio o presidente e tenho orgulho de ser brasileira? Que gosto de Bruno e Marrone? Que vivo com medo de estar sendo filmada quando converso comigo mesma no espelho e fico fazendo poses para uma câmara imaginária? Que tenho pesamentos sórdidos? Que não olho para os lados a maioria das vezes quando vou atravessar a rua e que quase todo dia por um triz não sou atropelada? Que não gosto de certos professores? Que prefiro teatro a cinema? Que destesto Paulo Coelho? Que escuto música de emo, pagode e axé? Que gaguejo quando converso com um cara forte sem camisa? Que tenho trauma de escadas e que odeio lugares altos? Que sou ciumenta e egoísta? Que tenho fobia de elevador? Que acho meus pés horrorosos e minha bunda grande demais? Que tenho vergonha de um monte de coisas que deveria me orgulhar? Que vivo dizendo que não gosto de criança pequena, mas fico toda boba quando vejo um bebezinho, mesmo que tenha meleca no nariz?

Que...bem, e se eu falasse que me chamo Kênia, tenho quatorze anos, estou completamente apaixonada e não sei realmente se quero fazer medicina? E se eu falasse que essa sou eu?!

domingo, 12 de julho de 2009

A verdade?

A verdade? A verdade é que nem sei se eu te amo e que você tem razão em deixar tudo como está. A verdade é que nunca fui o melhor para você e acho que nunca serei. Não te amo completamente. Nem tenho muito certeza se amanhã o continuarei amando. Sinto tanto por tudo isso. Não deveria ter mentido dizendo que sinto o que nunca cheguei perto de sentir por você. Lamento por todos os olhares de interesse que lhe lancei como se o quisesse para sempre, lamento por todas as indiretas que mandei como uma pessoa que não aguenta mais calar, lamento por todas as vezes que o fiz dizer declarações, lamento por dizer o que fingia sentir a todos. A verdade é que talvez nem mesmo você me ame. E nossas feridas vão se curar e nem vão deixar cicratizes pois não passam de arranhões porque o que sentimos não é profundo. Mas são feridas e feridas doem. Por isso vou permitir que você me culpe e deixarei você fingir que deu tudo de si e eu desvalorizei. Porque você é mais sentimental, porque seu corte doerá mais.
A verdade é que talvez eu nem saiba amar

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Minha imatura consciêcia

Sentei perto da janela e fiquei olhando para rua. Senti o vento frio da manhã bater em meu rosto e levei as mãos para dentro do casaco, a minha frente um professor falava em um tom suficientemente entediante, por mais interessante que o assunto pudesse ser, fiquei imaginando o final do livro que estava em cima da minha cama desarrumada com um marcador de um livro do Victor Hugo. Minha cabeça latejava por um motivo que desconheço e por negligência, ignoro. Meus dedos frios pareciam pedras de gelo e minha vida exageradamente sem graça. Era só mais um dia normal, normalmente chato e simplesmente cansativo. Não me importei com as pessoas andando apressadas na rua ou com minha falta de liberdade. Naquele momento só queria ser uma Bella de um Edward ou uma aluna de Hogwarts ou, quem sabe, ter um dragão estimação chamado Saphira. O meu tédio era crônico e cheguei a ver-me divagando sobre assuntos diversos e fantasiosos enquanto o professor continuava a falar sobre algo que naquele instante pareceu-me completamente desconhecido e sem importância, censurei-me imediatamente e inclinei meu corpo em uma posição que pensei ser o de uma pessoa interessada e séria e comecei a prestar atenção ao que o professor dizia. Tentei prestar atenção ao que ele dizia porque algo em minha imatura consciência me dizia que aquelas palavras viriam a ser importantes e talvez eu devesse deixar de ser insistentemente displicente e quem sabe até, um dia, madura.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Quis fazer um poema

Quis fazer um poema
Um poema para pessoas tristes
Um poema para toda dor que existe
Que falasse de coisas belas
Um poema sem sordidez
Que aplacasse a dor
Um poema que servisse de acalanto.

Eu só queria fazer um poema para
secar meu pranto.

Só ele me anestesia...

Hoje me senti tão triste.
Mas ele estava lá. Com seu jeito tímido que eu conseguia perceber mais que ninguém, me olhava com seus olhos castanhos escuros incrivelmente sérios. Ele ficou parado colocando as mãos grandes na testa e olhando para o caderno enquanto enfiava os dedos longos nos cabelos com seu olhar concentrado na folha de papel e com uma caneta entre os dedos.
Me sentei na cadeira tentando não fazer barulho e ele virou seu olhar em minha direção no que pareceu ser menos de alguns segundos, mas que fizeram meu coração dar pulos e minha barriga dar ondinhas.
Coloquei o material na mesa e comecei a puxar os livros. Pude perceber que ele me fitava, lancei meu olhar em sua direção enquanto murmurava um "bom dia" e me virava novamente para mochila.
-Você está triste hoje.-Observou ele. Eu não me virei para fitá-lo, dei uma resposta qualquer e puxei um assunto sem importância. Ele deu um sorriso e uma resposta, depois olhou para frente na direção do professor e começou a olhar para mim e murmurar algo baixo, como se fosse um segredo. Me virei imediatamente em sua direção e comecei a ouvir o que ele tinha a dizer.
Ele começou a falar algo, enquanto eu olhava seus olhos que são estranhamente sérios por um motivo que talvez eu não saiba, por um instante o vi fitar meus lábios e os molhei involuntariamente e pensava secretamente se ele tinha vontade de me beijar. Mas seus olhos voltaram aos meus. Dei um sorriso a respeito do que ele me contara e despejei uma desculpa qualquer para segurar sua mão e sentir sua pele sob minha.
Fiquei murmurando alguma coisa sem importância enquanto segurava suas mãos quando o professor falou uma coisa que era importante e nós parávamos para ouví-lo. Não sei se ele relutou tanto em desgrudar nossas mãos como eu.
Depois de um tempo inventei uma coisa qualquer e me lancei sobre ele de braços abertos. Ele não ficou um pouco mais tímido que o normal e deu um risinho nervoso como era seu hábito.
Não hoje.
Ele me abriu os braços e lançou seus olhos sérios em direção aos meus lábios, o que me fazia perguntar internamente mais uma vez se tinha vontade de me beijar. Eu o abracei e senti seu cheiro de shampoo e roupa limpa e tive uma vontade súbita de fechar os olhos e adormecer.
Queria que ele me abraçasse para sempre e talvez até me beijasse de leve, só para eu guardar o gosto de seus lábios quando ele não estivesse mais aqui...
...mais só o abraço foi suficiente para anestesiar minha tristeza.
Quem me dera se ele anestesiasse minha solidão!
Ai, ai...