domingo, 11 de março de 2012

Maior do que tudo

É que as luzes me cegaram e eu perdi a noção do perigo. Hoje não tem cobrança, não tem olhar de esguelha, não tem recomendação. Hoje é o nada, e isso se resume ao tudo. E a cada passo uma nova gota que descia e inundava a felicidade maior que tudo. Hoje eu  sou maior do que tudo.
Sou imortal.
Se nada pode me atingir deixa eu me mexer, deixa eu me enturmar, deixa eu sentir aquela sensação de novos tempos, de despreocupação, me deixa esquecer, me deixa esquecer.
Porque hoje meus pés se mexem junto com os seus e as suas gotas caem com as minhas. E a cada riso eu me reconstruindo porque hoje eu entendi o que é que eles enxergam em tudo isso, hoje eu entendi o que eles definem como diversão. E eu me diverti.
Deixa que meus pés morram e que eu me perca, porque hoje não quero me encontrar. Nada de conselhos, nada de brincadeiras sérias. Quero menos seriedade, a partir de agora, e justo nesse ano tão importante, quero menos seriedade e mais ação.
Quero me perder.

segunda-feira, 5 de março de 2012

2012

O grito que sai do meu peito e que treme as minhas estruturas não foi eu quem começou. Não sou eu que maldigo o tempo e peço a morte, não fui eu quem errou primeiro.
Eu só quis que você olhasse e percebesse e sentisse e abraçasse. Lá fora, bem atrás daquelas paredes, eu sei que as águas escorrem inundando casas. Mas aqui está mais molhado. Lá fora, onde as cores são sóbrias e faltam expectativas, existe gente que olha para trás e grita como eu. E se a dor que sai de mim é maior do que todo meu ódio, por que não sucumbir?
Eu descobri o que é ter, o que realmente quer dizer, um dia ruim. Eu descobri que fui abandonada há anos atrás, mas a consciência da maldição caiu sobre meus cabelos e me molhou toda.
Se fosse apenas o descaso, a falta de compreensão, mas nem mesmo um olhar? Nem mesmo uma palavra de apoio?
Lá fora a água torrencial destrói tudo, mas parece que aqui está tudo quebrado, tudo partido, tudo. E eu me quebro mais. Antes morresse de novo, antes eu não tivesse ninguém.
A questão é clara, mas só agora posso ver. É que sinto mais medo do que nunca, é que tenho mais chances de errar do que nunca. Ano horroroso, vida horrorosa.
A tempestade que sacode tudo e treme a minha casa me arrastou e por mais que eu tente eu não volto mais. Desde àquele dia, desde àquele momento, eu não sei mais onde parei.
É que tem tanta coisa surgindo, tanta gente por aí que não sei.
A tempestade, agora eu entendo, está dentro de mim. Lá fora é tudo normal, lá fora tudo existe independentemente das minhas desilusões, mortes, esquartejamentos vivos. Lá fora tudo resiste, o que treme sou eu. O que morre sou eu, o que inunda sou eu.